Futuro das Águas foi tema do XX Encob

Florianópolis – SC sediou o XX Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob). Esta edição, realizada em agosto, dedicou sua programação para explorar os desafios dos Comitês de Bacias na terceira década da Lei das Águas e a importância da gestão no futuro das águas.

O Paranapanema esteve presente no evento, representado por integrantes dos sete Comitês que compõem a Bacia. Os membros destacaram os temas debatidos durante o evento que mais chamaram atenção.

O Enquadramento dos corpos d’água, por exemplo, foi o foco de uma das oficinas do 1º dia. Os Comitês de Bacias afluentes da vertente paranaense do Rio Paranapanema já implementaram ou iniciaram as discussões sobre este instrumento de gestão. O representante da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) no CBH Paranapanema, e vice-presidente do afluente CBH Norte Pioneiro, Carlos Eduardo Aggio, ressaltou que muito se fala que o enquadramento tem a ver com o rio que queremos ter, mas na sua opinião, o tema é muito mais complexo e o instrumento deve analisar o rio que podemos ter. “Os aspectos morfológicos devem ser levados em conta. Por exemplo, podemos querer um rio de classe especial, mas se ele possuir características, como amônia, fosfato, não conseguiremos atingir essa classe”, explicou.

Outro tema tratado nas oficinas foi o Programa de Revitalização de Bacias. “O Ministério do Meio Ambiente acredita que este Programa poderá ser o ponto de encontro da Política de Gestão do Meio Ambiente com a Política de Gestão dos Recursos Hídricos”, destacou o palestrante representante do MMA, Renato Ferreira. Para o representante do Instituto de Desenvolvimento Ambiental Sustentável no CBH Paranapanema, Paulo Henrique Queiroz, que participou da atividade, a oficina mostrou que a revitalização de bacias vai além da reposição de mata ciliar. “Para se ter revitalização é preciso trabalhar toda a função ecológica”, finalizou.

O representante da Associação Regional dos Engenheiros do Sudoeste Paulista, Marco André D’Oliveira, participou da oficina sobre Pagamento por Serviços Ambientais. “Como o produtor de água que possui boas práticas pode ser remunerado por isso? Nesse sentido vem o Pagamento por Serviços Ambientais, o produtor rural que ceder suas áreas para recuperação ambiental poderá receber o recurso financeiro para mantê-la”, explicou.

Empoderamento foi um dos temas abordados na Oficina Embaixadoras pela Água. Representando o Instituto de Pesquisas Ecológica e vice-presidente do CBH Pontal do Paranapanema, Maria das Graças de Souza, ressaltou que a Oficina serviu de alerta. “Todo espaço é alcançado por meio de conquista e nós mulheres devemos nos fortalecer nesse sentido. A oficina mostrou instrumentos e mecanismos para a inserção da mulher na gestão dos recursos hídricos”, ressaltou.

Na mesma ocasião, o técnico da secretaria executiva do CBH Paranapanema, o geólogo Emílio Prandi, foi responsável pela oficina sobre águas subterrâneas. “Os Comitês trabalham a gestão das águas superficiais, mas muito pouco sobre as águas subterrâneas, e a gestão deve ser integrada. A Oficina trouxe um pouco de conhecimento que temos sobre o tema. Também ressaltamos a importância de investir em estudos para preencher lacunas de conhecimento para melhorar a gestão das nossas águas”, finalizou.

O membro da Câmara Técnica de Instrumentos de Gestão, Luís Sérgio de Oliveira, destacou a palestra ‘Inovação para a gestão sustentável dos recursos hídricos’. Segundo ele, a apresentação contextualizou de forma clara como o sistema funciona e como é possível promover melhorias na gestão. “Eu cresci bastante participando desta palestra. A gente se anima em participar do Sistema. Sabemos que temos vários desafios, ouvir as várias experiências renova o nosso fôlego para continuar essa caminhada junto aos Comitês de Bacias”, destaca.

Representando a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o vice-presidente do CBH Paranapanema, Vandir Pedroso, falou sobre Reuso da Água na Indústria e Legislação e apresentou um case durante o Encontro. Entre outras coisas, Pedroso mostrou como ampliar a utilização desse tipo de tecnologia. “Outras fontes de água de reuso podem oferecer a água para aproveitamento industrial. Por exemplo, a água que sai de uma estação de tratamento municipal, de acordo com a sua característica química, pode ser reutilizada e empregada no setor industrial”, complementou.

Participaram do evento mais de mil pessoas, que juntos representaram os Comitês de Bacias Hidrográficas estaduais e interestaduais no país, além de representantes de órgãos gestores e demais atores do Sistema Nacional de Recursos Hídricos.