Premissas para a revisão do Plano são tema de capacitação do Encontro do Paranapanema
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Tradicionalmente, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema (CBH Paranapanema) promove a capacitação de seus membros e dos Comitês Afluentes durante o Encontro Integrado do Paranapanema. Neste ano, na 4ª Edição, a capacitação também teve como pano de fundo a revisão das ações do Plano Integrado de Recursos Hídricos do Paranapanema (Pirh Paranapanema), temática de todo o Encontro.

A revisão do Plano foi baseada em duas premissas básicas, a adesão aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e considerar as Mudanças Climáticas. Neste sentido, a capacitação, realizada na manhã do dia 1º de outubro, teve o objetivo de falar sobre esses dois temas, de forma interligada. A capacitação contou com a participação de cerca de 60 pessoas.

Introdução aos ODS

A coordenadora da Câmara Técnica de Educação Ambiental e Capacitação do CBH Paranapanema, Patrícia Fazano, fez um resumo sobre o que são os ODS, por que e como aderi-los? Ela é advogada, formada pela Universidade Estadual de Londrina, com pós-graduações na área ambiental e com amplo conhecimento na legislação ambiental. Atualmente está na gestão da estação ecológica dos Caetetus, além de ser técnica do Programa Município Verdeazul, onde visita os municípios do entorno, difundindo e capacitando os municípios em gestão ambiental municipal. Ela também é coordenadora do Grupo de Trabalho ODS da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo.

Patrícia explicou que se fala em Desenvolvimento Sustentável desde 1960, que, segundo conceito trazido no Relatório Nosso Futuro Comum, é “a forma pela qual se busca satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento sustentável (Rio +20) teve como objetivo não somente discutir a aplicação e cumprimento dos acordos e compromissos do passado, mas também olhar os desafios do futuro. Como resultado da Conferência, ficou definido que estes desafios devem ser resumidos em objetivos e metas a serem alcançados por todos os países: os Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS), que foram negociados no marco das Nações Unidas e adotados em 2015, entrando em vigor em 2016.

Para Patrícia, trabalhar para alcançar os Objetivos Globais tornará o mundo melhor para as gerações futuras. “Entendemos o que podemos e devemos fazer para erradicar a extrema pobreza, a fome e o sofrimento desnecessário, além de construir uma comunidade mundial que provê a todos os seus cidadãos o direito igual para viverem suas vidas em plenitude”, reforçou.

Introdução às Mudanças Climáticas

O engenheiro ambiental, doutor em solos e nutrição de plantas, Carlos Eduardo Pacheco Lima, fez o link entre os ODS e as Mudanças Climáticas. Atualmente ele é pesquisador da Embrapa Hortaliças e ponto focal da Rede Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Embrapa Hortaliças.

Segundo ele, as atividades humanas têm aquecido a atmosfera, os oceanos e as terras. “O incremento de gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera a partir de 1750 são indubitavelmente causados pelas atividades humanas”, afirmou. “Cada uma das quatro últimas décadas foi sucessivamente mais quente que qualquer década precedente desde 1850. A temperatura superficial global nas duas primeiras décadas do século XXI foi 0,99 ºC mais alta que a média entre 1850/1900. Já na década 2011/2020 foi observado aumento de 1,09 ºC em média comparado com o período entre 1850/1900 com maior aumento sendo observado nos continentes (1,59 ºC) que nos oceanos (0,88 ºC)”, complementou.

Segundo a apresentação, a frequência e a intensidade de eventos de precipitação extremas têm crescido desde os anos 1950 na maior parte das áreas continentais. Essas mudanças também têm contribuído para o aumento das secas que afetam a produção agrícola e os ecossistemas naturais devido ao aumento da evapotranspiração nos continentes.

“A influência humana tem provavelmente aumentado a chance de ocorrência de eventos climáticos extremos compostos desde 1950. Isso inclui aumento na frequência de ondas de calor consorciadas com secas em escala global, ocorrência de incêndios até mesmo em continentes inabitados e inundações a depender da região e da época do ano”, ressaltou.

Carlos Eduardo Pacheco também explanou sobre a disponibilidade hídrica no Brasil, dados de pluviosidade e projeções futuras. Para finalizar, ele exemplificou como as mudanças climáticas impactam a agricultura e as alternativas que estão sendo desenvolvidas para mitigar e adaptar as produções aos novos cenários.

Mudanças Climáticas no planejamento das Bacias Hidrográficas

O coordenador de estudos hidrológicos da Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, Saulo Aires de Souza, está à frente da temática Mudanças Climáticas no Plano Nacional de Recursos Hídricos que está em processo de revisão. Ele possui graduação em engenharia civil e mestrado em engenharia hidráulica e saneamento e falou sobre como prevê as questões trazidas pelas Mudanças climáticas, no planejamento das Bacias Hidrográficas.

Para começar, Aires explicou como o clima afeta a gestão de recursos hídricos e como os eventos climáticos são avaliados para serem inseridos nos Planos de Recursos Hídricos. Segundo ele, o clima é avaliado em todo o processo de construção do Plano, no diagnóstico e prognóstico.

Recentemente, Aires comentou que as mudanças climáticas também têm sido consideradas. Para exemplificar, ele apresentou o case realizado na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, que já trouxe a questão no planejamento da Bacia, onde a variabilidade fluviométrica é fundamental para a adaptação das ações.

Aires destacou que o uso e ocupação dos solos estão diretamente envolvidos com as mudanças climáticas, já que a impermeabilização e o escoamentos dos recursos hídricos são prejudicados.